sábado, 7 de julho de 2012

Grandes toiros e grandes forcados ontem em Setúbal

Dureza dos toiros de António Silva não facilitou a vida aos forcados
Forcados do Ribatejo, por intermédio do cabo, venceram troféu ontem em Setúbal
Tecnicamente perfeita a pega do veterano Isidoro Cirne (Amadores do Montijo)
Rija pega dos Amadores do Montijo
Um forcado em apuros
Grupo de Beja executou pegas à primeira e à terceira


Miguel Alvarenga - Face aos duros toiros da ganadaria de António Silva, não tiveram ontem à noite a vida minimamente facilitada os três grupos de forcados que os enfrentaram na corrida de Setúbal.
Com grandes toiros se vêem os grandes forcados e há, por isso, que aplaudir o gesto destes três grupos - Ribatejo, Montijo e Beja - em aceitar o desafio de "ir à cara" dos Silvas, como há que louvar os empresários organizadores da corrida - Bolota e Abel - por terem dado oportunidade, ainda para mais em corrida televisionada, a três agrupamentos "menos rodados", dos chamados da "segunda linha", mas que provaram serem tão forcados como os demais.
Certamente que outros grupos, dos considerados de "nomeada", mais experientes e com mais corridas feitas, teriam sentido menos dificuldades a pegar estes toiros. Mas foi bom - para eles, sobretudo, mas para a Festa também - que a oportunidade tivesse sido "agarrada", com "unhas e dentes" e com as ganas com que o fizeram, por estes três grupos "menos vistos", mas onde existem grandes e bons pegadores, como se viu.
Nem sempre as ajudas estiveram à altura dos forcados da cara - o que evidencia, claramente, tratar-se de grupos "menos rodados" que os outros. Mas a verdade é que em todas as pegas ficou bem patente que qualquer um dos grupos tem grandes forcados de cara nas suas fileiras. E ficou sobretudo patente a vontade dos três grupos em "subir degraus" e em mostrar que, afinal, não existem grupos "de primeira" e grupos "de segunda".
A pega vencedora do troféu que estava em disputa foi a primeira da noite, uma "cara" enorme, executada pelo heróico João Machacaz, cabo dos Amadores do Ribatejo, ao primeiro - e bem emocionante - intento. Fechou-se para ficar e dali não saíu mais, aguentando barbaridades, derrotes, desvios de rota e falta de ajudas oportunas no início. Valente!
Afonso Gonçalves fez a segunda pega dos Amadores do Ribatejo, ao quarto toiro, à terceira tentativa, após impressionantes derrotes e com dois elementos "fora de combate", lesionados na arena.
Pelos Amadores do Montijo, pegou o segundo toiro da noite, à terceira, o forcado Carlos Morais, de pequena estatura, mas coração de gigante. Todo "rasgado" e com uma manga da jaqueta perdida, esteve decidido nas três tentativas, acabando por concretizar com o público todo de pé a aplaudir tamanha valentia.
Para a segunda pega do grupo montijense saltou à arena o veterano Isidoro Cirne (que forcado, meu Deus!). À antiga, bonito no cite, toureiro a recuar, fechou-se com braços de ferro ao primeiro intento. Foi uma pega de uma técnica enorme e não chocava ninguém se o prémio a tivesse (também) contemplado. Grande Isidoro!
Pelo Grupo de Beja, pegou João Fialho o terceiro toiro, à primeira tentativa. Uma pega dura e com o grupo a ajudar bem. A segunda intervenção do grupo alentejano, no último toiro da corrida, foi da autoria de Hugo Santana, ao terceiro intento. Pega decidida, com dificuldade, mas concretizada com decisão.

Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com