Dureza dos toiros de António Silva não facilitou a vida aos forcados |
Forcados do Ribatejo, por intermédio do cabo, venceram troféu ontem em Setúbal |
Tecnicamente perfeita a pega do veterano Isidoro Cirne (Amadores do Montijo) |
Rija pega dos Amadores do Montijo |
Um forcado em apuros |
Grupo de Beja executou pegas à primeira e à terceira |
Miguel Alvarenga - Face aos duros toiros
da ganadaria de António Silva, não tiveram ontem à noite a vida minimamente
facilitada os três grupos de forcados que os enfrentaram na corrida de Setúbal.
Com grandes toiros se vêem os grandes
forcados e há, por isso, que aplaudir o gesto destes três grupos - Ribatejo,
Montijo e Beja - em aceitar o desafio de "ir à cara" dos Silvas, como
há que louvar os empresários organizadores da corrida - Bolota e Abel - por
terem dado oportunidade, ainda para mais em corrida televisionada, a três
agrupamentos "menos rodados", dos chamados da "segunda
linha", mas que provaram serem tão forcados como os demais.
Certamente que outros grupos, dos
considerados de "nomeada", mais experientes e com mais corridas
feitas, teriam sentido menos dificuldades a pegar estes toiros. Mas foi bom -
para eles, sobretudo, mas para a Festa também - que a oportunidade tivesse sido
"agarrada", com "unhas e dentes" e com as ganas com que o fizeram, por estes três grupos
"menos vistos", mas onde existem grandes e bons pegadores, como se
viu.
Nem sempre as ajudas estiveram à altura
dos forcados da cara - o que evidencia, claramente, tratar-se de grupos
"menos rodados" que os outros. Mas a verdade é que em todas as pegas
ficou bem patente que qualquer um dos grupos tem grandes forcados de cara nas
suas fileiras. E ficou sobretudo patente a vontade dos três grupos em
"subir degraus" e em mostrar que, afinal, não existem grupos "de
primeira" e grupos "de segunda".
A pega vencedora do troféu que estava em
disputa foi a primeira da noite, uma "cara" enorme, executada pelo
heróico João Machacaz, cabo dos Amadores do Ribatejo, ao primeiro - e bem
emocionante - intento. Fechou-se para ficar e dali não saíu mais, aguentando
barbaridades, derrotes, desvios de rota e falta de ajudas oportunas no início.
Valente!
Afonso Gonçalves fez a segunda pega dos
Amadores do Ribatejo, ao quarto toiro, à terceira tentativa, após
impressionantes derrotes e com dois elementos "fora de combate",
lesionados na arena.
Pelos Amadores do Montijo, pegou o segundo
toiro da noite, à terceira, o forcado Carlos Morais, de pequena estatura, mas
coração de gigante. Todo "rasgado" e com uma manga da jaqueta
perdida, esteve decidido nas três tentativas, acabando por concretizar com o
público todo de pé a aplaudir tamanha valentia.
Para a segunda pega do grupo montijense
saltou à arena o veterano Isidoro Cirne (que forcado, meu Deus!). À antiga,
bonito no cite, toureiro a recuar, fechou-se com braços de ferro ao primeiro
intento. Foi uma pega de uma técnica enorme e não chocava ninguém se o prémio a
tivesse (também) contemplado. Grande Isidoro!
Pelo Grupo de Beja, pegou João Fialho o
terceiro toiro, à primeira tentativa. Uma pega dura e com o grupo a ajudar bem.
A segunda intervenção do grupo alentejano, no último toiro da corrida, foi da
autoria de Hugo Santana, ao terceiro intento. Pega decidida, com dificuldade,
mas concretizada com decisão.
Fotos Emílio de Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com